Prefeito de Magé quer o MP investigando denúncias de Núbia

A Operação Uniforme Fantasma foi aclamada por moradores que foram até a praça da Prefeitura em apoio à caçada a membros do então do governo acusados de corrupção. Núbia Cozzolino era a prefeita

Ré em processo da Operação Uniforme Fantasma e em várias outras ações judiciais a ex-prefeita falou de supostas compras em empresas de fachada e agora vai ter de apresentar as provas

Oito anos após a Operação Uniforme Fantasma, que resultou na prisão de 19 pessoas, o assunto foi trazido à tona esta semana e, pasmem, por uma das principais acusadas, a ex-prefeita Núbia Cozzolino, que teve o mandato cassado no dia 9 de setembro de 2009 e responde a várias ações judiciais. Núbia divulgou acusações de que gestão atual teria gasto cerca de R$ 5 milhões adquirindo uniformes escolares em empresas de fachada. O ataque verbal da ex-prefeita, entretanto, deverá render mais um processo contra ela, pois o prefeito Rafael Santos de Souza, o Rafael Tubarão (foto), decidiu que vai representar junto ao MP  para que a denúncia seja apurada e para que ela apresente as provas do que falou. “Nenhuma das empresas mencionadas vendeu peças de uniforme escolar em minha gestão. Se ela diz que tem os documentos vai ter que apresentá-los. Sou o maior interessado numa investigação e vou adorar ver a promotoria atuando nesse sentido. Vejo nessa falação toda a reação desesperada de quem vinha tentando voltar ao poder de forma indireta e ainda não digeriu a derrota sofrida nas urnas pelo sobrinho no ano passado”, disse.

Quem ouve as acusações da ex-prefeita admira como uma pessoa que teve o próprio nome e os de familiares mergulhados em escândalos e denúncias de fraude em licitação e prática de corrupção – inclusive com prisões preventivas decretadas – tem coragem de ocupar as redes sociais para isso. A Operação Uniforme Fantasma aconteceu no dia 24 de janeiro de 2008 e foi realizada pelo Ministério Público com apoio da Polícia Civil. Naquele dia só em Magé foram presas nove pessoas e entre elas estava Charles Cozzolino, irmão da ex-prefeita. Núcia (irmã de Núbia), só não foi presa porque fugiu e depois ganhou na Justiça o direito de responder o processo em liberdade. A operação foi montada a partir de um inquérito do MP que apontou desvios que podem ter chegado a R$ 100 milhões feitos por uma quadrilha que, segundo a promotoria, agia em seis municípios e contava com a participação de secretários municipais e de funcionários das prefeituras. Entre os crimes, além da compra de uniformes que não teriam sido entregues, constava um esquema de fraude na contratação de pessoal através de ONGs e organizações sociais, as chamadas OS.

Entretanto, a Uniforme Fantasma foi apenas um dos vários escândalos envolvendo membros da família Cozzolino, que em 2016 tentou retornar à Prefeitura e lançou o deputado estadual Renato Cozzolino Harb, que perdeu para Tubarão por uma diferença de mais de 40 mil votos. Nove meses antes da eleição municipal o MP promoveu a Operação Terra Prometida. Foi no dia 22 de janeiro quando agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público foram à Magé para prender dois irmãos de Núbia – Jane e Anderson Cozzolino, o Dinho – e dois empresários ligados à família, mas só conseguiram levar o ex-prefeito Rozan Gomes. Os outros quatro conseguiram fugir e depois conseguiram habeas corpus para responderem o processo em liberdade.

No processo da Terra Prometida estão indiciadas 13 pessoas, entre elas os empresários Fábio Figueiredo Morais e Fabiana Dias Fernandes, donos da empresa FFM Terra, contratada em 2009 por R$ 22 milhões para alugar máquinas e caminhões para a Prefeitura, sendo que alguns equipamentos, segundo o MP, nunca teriam prestado serviço à Prefeitura. Ao todo nessa operação foram indiciados três irmãos de Núbia, pois a além de Jane e Dinho o MP denunciou o também Renato Alem Cozzolino. Os réus respondem pelas acusações de fraude em licitação, peculato, corrupção ativa, coação, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Segundo o MP, em caso de condenação por todos os crimes pelos quais foram indiciados, as penas somadas chegariam a cem anos de cadeia.

 

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