Sindicalistas do prefeito causam revolta em Resende

Mary de Morais Ambrósio é diretora de Saúde do sindicato dos servidores e foi nomeada para um cargo de confiança índice CC-2 pelo prefeito Diogo Balieiro. Não há nada de ilegal nisso, mas será que um nomeado arriscaria o salário para defender a categoria a qual deveria representar?

Enquanto os servidores lutam por reajuste salarial diretores que deveriam batalhar pelos interesses da categoria são nomeados em cargos de confiança

Pelo andar da carruagem o reajuste salarial deste ano dos servidores do município de Resende deverá continuar empacado, já que alguns diretores do sindicato que representa a categoria, ou deveria representar, decidiram agir como aliados do prefeito Diogo Balieiro Diniz depois que nomeados em cargos de confiança do governo, os famosos CCs. Ao que tudo indica Balieiro agora está livre, leve e solto quando o assunto é a valorização, ou desvalorização, dos servidores do quadro efetivo. Esta semana, por exemplo, o prefeito apareceu de surpresa como “convidado de honra” dos sindicalistas-CCs numa reunião na sede do sindicato, onde estavam presentes profissionais de nível técnico e superior do Hospital Municipal Henrique Sérgio Gregori para tratarem justamente dos desmandos da gestão de Balieiro, entre eles o recebimento por atendimento hospitalar, uma gratificação que o prefeito resolveu indiscriminadamente conceder aos CCs.

A presença do prefeito gerou constrangimento e revolta nos servidores, feitos de platéia para mais um discurso do marketing pessoal de Balieiro, que falou o que quis e foi embora sem responder a diversos questionamentos feitos pelos funcionários. Já o sindicato ficou ainda mais desacreditado com a presença dos sindicalistas-CCs no seu quadro de diretores. Segundo fontes do governo, no começo de maio o prefeito sinalizou que daria um aumento salarial em torno de 4% como forma de acalmar os ânimos na entidade, que na ocasião cogitou promover um movimento de paralisação. Diogo também teria entendido o recado dos funcionários concursados que não aderiram à Festa do Trabalhador promovida no dia 1º de maio, evento que acabou se transformando em uma espécie de confraternização dos CCs, “prestigiadores” assíduos dos eventos da Prefeitura. A insatisfação do sindicato com o prefeito, no entanto, transformou-se conformismo depois que a “caneta mágica” de Diogo entrou em ação ao distribuir cargos para alguns diretores sindicais.

Eleito em 2016 prometendo o céu para os concursados, Diogo deu uma canetada logo nos primeiros dias de seu mandato, assinando um decreto que colocou na geladeira por dois anos as gratificações estatutárias que poderiam melhorar os ganhos salariais de servidores efetivos. Outra nuvem que paira sobre o prefeito é a convocação dos cerca de 350 profissionais de natureza permanente, que foram aprovados através do concurso previsto pelo Edital 003/2016. O caso inclusive é alvo de uma investigação do Ministério Público que quer saber se Diogo estaria lançando mão de cargos comissionados, nomeados por ele, para atuarem nas funções que já deveriam estar ocupadas pelos candidatos aprovados no concurso, o que explicaria o fato de algumas categorias estarem sendo ignoradas no que diz respeito à convocação.

 Em outra frente, o MP apura denúncia de “furada de fila”, uma vez que pelo menos duas psicólogas que ficaram no fim da fila de classificação já estariam trabalhando. Uma delas, a que em 399º lugar no concurso foi nomeada para um cargo índice CC3 na Secretaria de Saúde e a 287ª classificada em um cargo CC1, na Secretaria de Serviços Públicos. Os denunciantes revelam ainda que para a área de Farmácia o concurso ofereceu seis vagas e o prefeito já contratou oito profissionais e entre eles há também quem não se classificou dentro do numero de vagas e até quem nem do concurso participou.

No dia 6 de abril foi publicado um edital relâmpago estabelecendo pouco mais de 24 horas como prazo de inscrição. Neste caso, o concurso seria para a contratação por um ano dos profissionais responsáveis pela continuidade do atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade da Alegria, cuja atividade passou a ser municipalizada. O edital relâmpago foi visto como um jogo de cartas marcadas, como objetivo apenas de oficializar a contratação de profissionais que já teriam escolhidos pelo governo, episódio que também causou revolta na cidade. Diante da repercussão, o prazo acabou sendo estendido por mais 11 dias.  

 

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