Coação com mentira é método de campanha em Saquarema

A votação é secreta e a urna eletrônica não é conectada em rede, o que torna impossível a identificação

Cabos eleitorais pressionam eleitor dizendo que conseguem saber na hora em quem ele votou

O sistema de votação adotado pelo Tribunal Superior Eleitoral é extremamente seguro. As urnas eletrônicas não são conectadas em rede, o que equivale dizer que não há nenhum tipo de acesso externo, sendo impossível identificar quem votou em quem, como cabos eleitorais e até mesmo alguns candidatos andam dizendo em Saquarema, nos bairros mais carentes, onde eleitores com menor nível de escolaridade são abordados por eles com este tipo de coação. Tornou-se comum no município as pessoas serem abordadas e ouvirem a seguinte lorota: “Estamos contando com o seu voto mais uma vez, mas olha lá, pois temos o número do seu título e vamos saber se você votou ou não em nosso candidato”.

Em pleno século 21 e mesmo com toda informação disponível esse tipo de coação ainda acontece em várias cidades do Brasil e, no caso de Saquarema, contam os mais preocupados com o futuro da cidade, se verifica em todas as eleições. “Em 2008 teve candidato a vereador que reuniu o grupo que trabalhou para ele durante a campanha e orientou seus cabos eleitorais a usarem o argumento com as pessoas que conheciam e as quais haviam garantido que votariam nele. A maioria dos que ouviram a mentira acreditou e a coação teve efeito”, relembra um político da cidade que hoje está fora da disputa e lamenta os métodos nada limpos empregados por quem se sente dono da vontade do povo.

O blefe de que se pode saber em quem o eleitor votou é muito usado em localidades nas quais são frequentes denúncias de compra de votos. Os aliciadores abordam os eleitores, pedem o título de eleitor e tira uma cópia do documento, alegando que está recrutando a pessoa para esta trabalhar no dia da eleição, fazendo boca de urna para determinado candidato. Antigamente a boca de urna era permitida e se consistia na distribuição de “santinhos” nas imediações dos locais de votação. Hoje esse tipo de campanha é proibido por lei, mas o esquema do recolhimento de cópias de títulos continua sendo muito usado, mas só para sugerir ao vendedor de voto que, uma vez de posse da cópia do documento é possível o comprador saber se á “mercadoria” foi entregue ao destinatário certo.

Em muitas cidades o preço da “boca de urna” ficou na casa dos R$ 50 em 2012, mas houve quem pagasse até R$ 75 pelo “serviço”. Na Baixada Fluminense, por exemplo, as autoridades já foram alertadas de possíveis esquemas em Japeri, Queimados, Belford Roxo, em alguns bairros de Duque de Caxias e nas localidades de Fragoso, Piabetá, Mauá e Surui, no município de Magé.

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