Contratos sob suspeita em Tanguá

A gestão do prefeito Válber Luiz Marcelo vem sendo questionada em muitos aspectos (Fotos: Divulgação/PMT)

Empresas abertas na gestão do atual prefeito têm na Prefeitura o maior volume de negócios e já faturaram cerca de R$ 2 milhões em menos de dois anos

Empresas de pequeno porte sediadas no eixo Rio Bonito-Tanguá-Itaboraí estão em verdadeiro estado de agonia, quase fechando as portas. Os setores de comércio e serviços foram os mais atingidos pela crise, mas o dono da JC da Silva Comercio e Serviço de Materiais de Construção não pode reclamar da sorte. Sua firma – que tem como atividade principal o “comércio varejista de materiais de construção em geral” – foi aberta no dia 30 de janeiro de 2015 e menos de três meses depois já estava se dando bem, e no atacado: representada por Jhean Costa da Silva, no dia 22 de abril de 2015 a JC assinou com a Secretaria Municipal de Assistência Social o Contrato 037/2015, pelo qual fora empenhado o total R$ 100 mil para o fornecimento de água em carros-pipas. Desde então a JC já firmou nove contratos com a municipalidade, no total de mais de R$ 1 milhão. Esta e outras seis empresas registradas depois que o prefeito Válber Luiz Marcelo tomou posse, estão inseridas em denúncia encaminhada ao Ministério Público, apontando supostas irregularidades em processos licitatórios e pedindo que seja apurado se os controladores das firmas relacionadas têm alguma ligação com vereadores ou membros do governo.

De acordo com dados da administração municipal, além do contrato da água a JC da Silva Comercio e Serviço de Materiais de Construção ganhou outros dois no ano passado, os de número 045/15 (R$ 6.355,00) e 068/15 (R$ 135.854,00) e assinou mais seis este ano, os contratos 025/16 (também no valor de R$ 135.854,00), 026/16 (R$ 382.989,56), 040/16 (R$ 21.716,00), 066/16 (R$ 204.668,80) e o de número 071/16 (R$ 36.668,80), sendo que o 066/16 seria o único contrato para fornecimento de material de construção é o 066/16. Quem também não pode se queixar da vida é Thelmo Sigmaringa de Souza, que representou a empresa JMS Cotrin Comércio de Utensílios e Serviços em pelo menos 11 contratos assinados desde 2014 (ano em que a firma foi registrada junto à Receita Federal com atividade principal de “comércio varejista de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal”) com a Prefeitura de Tanguá.

De acordo com os registros oficiais, a JMS Cotrin foi ativada em 24 de janeiro de 2014 e começou a vender para a administração municipal no dia 21 de outubro daquele ano, através do Contrato 116/2014, firmado para “aquisição de materiais permanentes para estruturação de rede de serviços de proteção básica, no total de R$ 178.446,80. Pouco mais de uma semana depois, apontam os registros, no dia 3 de novembro, por meio do Contrato 125/2014, pelo qual a Secretaria de Assistência Social escolheu uma firma varejista de cosméticos para realizar a “capacitação do Sistema Único da Assistência Social”, a JMS faturou mais R$ 46.900,00.

Ainda segundo os registros, a JMS tem fornecido de quase tudo ao município, inclusive vidros espelhos, colchonetes, alimentos, materiais de limpeza e até artigos de papelaria, conforme estabelece os contratos 024/15 (R$ 34.590,00), 055/15 (R$ 27.870,80), 061/15 (R$ 5.218,00), 089/15 (R$ 11.800,00), 090/15 (R$ 8.271,00), 092/15 (R$ 4.100,00), 012/16 (R$ 88.530,93), 032/16 (R$ 8.342,81) e 039/16 (R$ 6.426,40).

Um pouco mais antiga que a JC e a JMS, a Imagem Collor Comercio e Serviços foi aberta em Itaboraí quatro meses depois da posse de Válber Marcelo, mas não é no município-mãe que a empresa tem feito seus melhores negócios, segundo sugerem os registros da Prefeitura de Tanguá, para onde ela começou a fornecer em 2014 e até hoje soma oito contratos que passam de R$ 500 mil. Imagem Collor foi registrada no dia 26 de abril de 2013 e o primeiro negócio com Tanguá aconteceu em 23 de dezembro de 2014, quando, por R$ 16.042,00, valor do Contrato 0166/2014, vendeu material de consumo para a Secretaria de Agricultura. Depois vieram os contratos 052/15 (R$ 32.850,00), 091/15 (R$ 1.145,00), 008/16 (R$ 28.396,00), 024/16 (R$ 25.800.00), 043/16 (R$ 98.984,35), 057/16 (R$ 122.589,45), 060/16 (R$ 90.243,00), 064/16 (R$ 24.680,88) e 067/16 (R$ 77.425,00).

 

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