Magé: MP quer o tombamento da Vila Estrela

A Vila Estrela é parte importante da história nacional. A decadência do lugar começou com a inauguração da ferrovia, em 1854 (Foto: Gerson Peres)

O sítio arqueológico formado pelas ruínas do que foi a 23ª economia da província do Rio de Janeiro é parte importante da história do Brasil

A 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Magé impetrou uma ação civil pública para que o município de Magé e o governo do estado do Rio de Janeiro façam a conservação, recuperação e manutenção das ruínas e da extensão da Vila Estrela, um importante sítio arqueológico da Baixada Fluminense. O Ministério Público pede na ação o tombamento da área que até 1860 teve o porto mais movimentado da província e é parte importante da história do Brasil.

A ação foi impetrada a partir de inquérito aberto pelo MP, que em vistorias realizadas no local constatou que as ruínas do sítio (formado pela Capela de Nossa Senhora da Estrela, Casa de Três Portas e o Porto da Estrela), estão se deteriorando com passar dos anos. A promotoria constatou que não há qualquer tipo de proteção e preservação pelos órgãos administrativos e, além disso, um criador de gado cercou a área que é confundida com propriedade particular. O processo do Ministério Público engrandece o trabalho de uma senhora que morava na localidade de Imbariê, em Duque de Caxias. Eva Miranda lutava pelo tombamento da Vila Estrela percorrendo as redações dos jornais e gabinetes das autoridades para reivindicar a preservação do lugar.

A Vila Estrela foi, até 1850, a 23ª localidade da província em renda e contava com seis companhias da Guarda Nacional, seis médicos, um engenheiro civil, três alfaiates, quatro carpinteiros, um ferreiro, dois padeiros e um juiz. A decadência do lugar veio com a inauguração da primeira ferrovia da América do Sul, quando começou a operar a estrada de ferro ligando o porto de Guia de Pacobaiba a Vila Inhomirim, mas o fim mesmo do lugar que sobreviveu ao cólera, se deu a partir da abolição da escravatura: a falta de mão de obra para a limpeza dos rios e abrir os canais de drenagem, contam historiadores, “ocasionou o aparecimento de brejos e, com eles, a proliferação dos mosquitos da malária e de outras doenças”.

Assim, esvaziada economicamente, a Vila Estrela teve o seu fim no dia 9 de maio de 1891, quando um decreto assinado por Francisco Portela, transferiu a sede para a localidade de Raiz da Serra, “batizada” então de Vila Inhomirim.

 

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