Concurso mobiliza para a preservação dos recursos hídricos

A fotógrafa Cristina Bomiolo (à esquerda) afirma que noções e preservação ambiental são essenciais para a mobilização da juventude para o tema (Foto: Aline Proença)

Estudantes de escolas públicas do Norte Fluminense capturam imagens de nascentes

Celular, tempo livre e adolescentes. A combinação poderia render boas “selfies” na maioria dos lugares, mas na zona rural de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, se tornou ferramenta de conscientização ambiental. Sessenta jovens de 14 a 17 anos, a maioria filhos de agricultores, reuniram durante um mês acervo para participar do Concurso de Fotografia sobre Preservação de Nascentes de Água, uma iniciativa promovida pela unidade avançada da Emater-Rio no distrito de Santo Eduardo e que contou com a parceria da sede rural do Instituto Profissional São José, de ação filantrópica, onde estudantes de escolas públicas desenvolvem atividades extracurriculares o ano inteiro. A competição foi inspirada em uma das principais bandeiras do Programa Rio Rural, da Secretaria estadual de Agricultura: a produção de água.  “O engajamento dos jovens na preservação dos recursos hídricos é essencial para que o uso racional da água seja levado às futuras gerações”, ressalta o secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo.

As equipes tinham a missão de registrar fotos de nascentes distribuídas ao longo da microbacia Córrego do Açude, que abrange comunidades dos distritos de Santo Eduardo e Santa Maria. 
Profissionais de um estúdio fotográfico da região ajudaram voluntariamente no concurso, promovendo oficinas sobre captura de imagens com celular, com noções sobre iluminação e enquadramento. “No meu trabalho, a natureza faz parte da beleza do cenário. Para ser bonita, tem que ser preservada. Fico feliz de poder contribuir com esse olhar”, afirma a fotógrafa Ana Cristina Bomiolo. 

O conteúdo ambiental foi aprofundado em palestras promovidas pelos técnicos da Emater, entre eles, Alarcon Prucoli, articulador do concurso. As oficinas, em que se discutiram a situação hídrica do estado e as sugestões para a mudança desse quadro, motivaram os alunos durante o trabalho.  “As fotos eram apenas a isca para chamar a atenção deles para a falta de água. Agora, eles também se sentem responsáveis para que os recursos naturais sejam preservados”, conta Prucoli. 

O grupo formado por seis meninas moradoras de Santa Maria, que retratou a situação de uma fonte de água utilizada pela comunidade há mais de 40 anos, venceu a competição. Além da qualidade fotográfica, a comissão julgadora levou em consideração o empenho no estudo sobre o tema.  A equipe foi premiada com smartphones.  “As nascentes, mesmo próximas a nós, eram desconhecidas. Agora queremos alertar a comunidade sobre a urgência de preservação”, adianta a estudante Geovanna Rangel, uma das premiadas.

O assessor técnico regional do Rio Rural para os municípios de Campos e São João da Barra, Geraldo Monteiro, acredita que o concurso de fotografia é uma atividade importante para sensibilizar a juventude para a importância da vida no campo. “Sem isso, eles podem acabar migrando cedo para as cidades, enquanto poderiam gerar renda e preservação aqui”, defende. 
A estudante Isabela Barreto, também da equipe campeã, já pensa em seguir carreira na área ambiental. “Eu tinha certa queda por esse assunto. Depois das pesquisas, me encantei mais. Pretendo me inscrever em um curso técnico em Meio Ambiente”, revela, orgulhosa. 

Nos últimos sete anos, o Rio Rural forneceu incentivos financeiros para a proteção de mais de cinco mil fontes de água em todo o estado. Em Campos dos Goytacazes, foi feita a conservação de 103 nascentes. A adesão dos agricultores ganhou fôlego com campanha Água Limpa para o Rio Olímpico, criada especialmente em alusão aos jogos. O projeto alcançou mais que o dobro da meta inicial, que era proteger 2016 fontes até a abertura da Olimpíada. 

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