Quem fornece as notas, prefeito?

A “nota” da suposta maior fornecedora individual para a Prefeitura de Silva Jardim não tem valor fiscal

Farmácia que teria fornecido remédios comprados de outra pela Prefeitura de Silva Jardim tem CNPJ diferente e não fornece nota a cliente

Quem for à Drogaria Kanaã – nome fantasia da Drogaria F.P. Itaocara -, no centro de Silva Jardim, fizer uma compra e pedir o cupom fiscal vai ouvir do responsável que o computador-caixa está sem impressora. Se insistir vai levar para casa um papel sem validade alguma, com os nomes dos produtos adquiridos e os valores pagos, omitindo o número do CNPJ. A pequena loja do nanico município fluminense é citada como fornecedora de medicamentos para a Secretaria de Saúde, mas os pagamentos estão registrados em nome de outra empresa, a Farmácia Amaral de Itaocara, localizada a 240 quilômetros. Pelo que foi apurado até agora, a segunda empresa faturou mais de R$ 3,7 milhões na primeira gestão do prefeito Anderson Alexandre (foto), reeleito em outubro do ano passado e é a maior fornecedora individual de remédios para a Prefeitura, mesmo não sendo um atacadista do ramo, pois a atividade econômica registrada junto à Receita Federal é o “comércio varejista de produtos farmacêuticos, sem manipulação de fórmulas”. Embora o “Itaocara” esteja presente na razão social das duas empresas, os números no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica são diferentes, o que exige pelo menos uma explicação do prefeito, sobre quem realmente está fornecendo e porque a Secretaria de Saúde está comprando de um varejista se poderia pagar bem menos nas distribuidoras que operam no atacado.

Pelo que se comenta na cidade, a Itaocara de Silva Jardim seria controlada por um parente de um vereador não reeleito, que exercia influência na gestão do ex-prefeito Marcelo Zelão (quando o primeiro contrato foi assinado) e tinha força também no governo de Anderson Alexandre, período em que a empresa viveu o seu melhor momento no município. 

De acordo com o sistema de registros de pagamentos da Prefeitura, do qual vários dados já foram deletados, a Farmácia Amaral de Itaocara recebeu, até o dia 31 de agosto do ano passado exatamente R$ 3.738.064,30 dos cofres públicos, sendo R$ 620.558,39 em 2016, R$ 1.600.986,33 em 2015, R$ 600.751,41 no ano anterior e R$ 915.768,17 em 2013. O que tem de ser esclarecido é o fato de os pagamentos terem sido feitos à Farmácia Amaral de Itaocara, quando as informações são de que os medicamentos teriam sido entregues pela Drogaria Kanaã (Drogaria F.P. Itaocara), o que a administração municipal vem se negando a informar.

Os gastos com medicamentos feitos nos últimos quatro anos pela Secretaria de Saúde de Silva Jardim, pelas estimativas, passam de R$ 25 milhões, mas no sistema da Prefeitura mostram pagamentos de pouco mais de R$ 16 milhões, sendo R$ 3.738.064,30, para a Farmácia Amaral de Itaocara, R$ 3.633.515,74 em favor da distribuidora Kadmed Medicamentos e R$ 1.121.627,93 para a Carioca Medicamentos. Já a empresa M4X recebeu R$ 2.052.451,39, a Telemedic R$ 2.902.753,25), a Humanas Biomédica R$ 138.510,00, a Sogamax R$ 2.594.509,14) e a E. Zacarias do Nascimento R$ 294.309,85).

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