Caixa-preta esconde as contas de Silva Jardim

As ações do prefeito Anderson Alexandre passam batido pela Câmara de Vereadores, que é presidida por Roni, seu empregado de confiança numa rede de farmácias

E vereadores ficam batendo palmas para maluco dançar

Centenas de trabalhadores foram demitidos pelo prefeito Anderson Alexandre a partir de outubro do ano passado, fornecedores se queixam de atraso nas faturas, mas um grupo seleto está rindo de orelha a orelha em Silva Jardim. São os empresários mais chegados, ex-vereadores com emprego garantido no governo e parlamentares do bloco de sustentação, bancada comandada por um empregado de Anderson, o presidente da Câmara, Roni Luiz Pereira, o Roni da Alexandre, que adotou o pseudônimo para aparecer ainda mais ligado ao patrão. Omisso, o Poder Legislativo não faz nenhuma ação fiscalizadora e não está nem aí para um fato gravíssimo: a administração municipal vem escondendo suas contas desde agosto, deixando de informar quanto arrecada, gasta e o que pagou aos fornecedores nos últimos quatro meses. O sistema mostra uma receita líquida de pouco mais de R$ 61 milhões, mas as estimativas apontam para uma arrecadação consolidada em mais de R$ 100 milhões no exercício de 2016, muito dinheiro para uma cidade com um universo populacional de cerca de 20 mil moradores.

Alvo de varias ações judiciais por improbidade administrativa e de inquéritos no Ministério Público, Anderson Alexandre foi reeleito com ampla vantagem sobre seus adversários, mas dificilmente é visto no município. De acordo com alguns assessores, ele tem passado mais tempo despachando em Rio Bonito, onde fica o escritório central de sua rede de farmácias. Coincidentemente, é sobre os processos administrativos para compra dos medicamentos que abastecem a rede municipal de saúde que o prefeito é mais questionado. Aquisições de remédios feitas em uma drogaria sediada em Itaocara – a 240 quilômetros de Silva Jardim – no valor de mais de R$ 3,7 milhões estão sob suspeita e os membros do Legislativo não moveram uma palha nesse sentido até agora, simplesmente porque os remédios teriam sido entregues por uma farmácia local, que seria controlada por um parente de um ex-vereador com grande influência no governo.

Essas compras foram feitas na Farmácia Amaral de Itaocara e as entregas teriam partido da Drogaria F.P.Itaocara, razão social da Drogaria Kanaã, que não consta entre os fornecedores da Prefeitura. A opção por esse fornecedor exige pelo menos uma explicação do prefeito, que precisa esclarecer a razão de a Secretaria de Saúde comprar de um varejista se poderia pagar bem menos nas distribuidoras que operam no atacado.

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