Investigação sobre genro tira o sono de ex-prefeito de Pádua

Medo seria que um possível decreto de bloqueio de bens do investigado possa afetar a filha

Antes razão de orgulho para uma família do interior do estado do Rio de Janeiro, a estreita relação entre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o empresário Alexandre Accioly – investigado por lavagem de dinheiro e agora denunciado por supostamente ter intermediado pagamento de propinas ao político – estaria causando insônia ao ex-prefeito de Santo Antonio de Pádua, Jose Renato Padilha. É que ele é pai de Renata Padilha, casada com Alexandre. O casal teve Aécio como padrinho de casamento e Neves acabou batizando a filha de Renata e Alexandre. A preocupação giraria em torno de patrimônio eventualmente em nome de Renata, que poderia vir a ser atingida por uma possível indisponibilidade de bens do marido, por conta das investigações em curso.

Indisponibilidade de bens e de contas bancárias não é nenhuma novidade para a família, pois o ex-prefeito já passou por isso algumas vezes. Em agosto do ano passado, por exemplo, o juiz Rodrigo Rocha de Jesus, então exercício na 2ª Vara da Comarca local, determinou que um outro membro da família Padilha, o também ex-prefeito Luiz Fernando Padilha Leite, devolvesse R$ 470 mil ao município e pagasse uma multa no mesmo valor.  A decisão foi tomada no processo 0012861.09.2013.8.19.0050, no qual Luiz Fernando Padilha foi denunciado pelo Ministério Público por ter contratado, de forma irregular, um escritório de advocacia para prestar serviços que deveriam ter sido executados pelos advogados lotados na Procuradoria do município.

Os moradores mais atentos da pequena Santo Antonio de Pádua vem acompanhando o noticiário sobre o genro de Padilha desde novembro de 2017, quando Alexandre Accioly foi intimado a depor na Polícia Federal no âmbito da Operação ‘C’est Fini’, que envolve o ex-governador Sérgio Cabral. Alexandre é investigado supostamente por ter feito transações financeiras suspeitas com George Sadala, um dos operadores financeiros de Cabral.  Ainda no ano passado, em abril, um executivo da Odebrecht citou as relações entre Alexandre e Aécio Neves, afirmando que Accioly teria recebido dinheiro em uma conta bancária em Cingapura, para repassar valores ao senador mineiro. A remessa seria uma recompensa pelo apoio do PSDB ao consórcio formado pela Odebrecht e pela Andrade Gutierrez no leilão das usinas hidrelétricas Santo Antônio e Jirau.

Na semana passada o nome de Accioly voltou ao noticiário com o depoimento do executivo Sérgio Andrade, acionista da Andrade Gutierrez, confirmando que um contrato de R$ 35 milhões firmado em 2010 entre a empreiteira e uma empresa de Alexandre tinha o objetivo de  repassar dinheiro a Aécio, o que já não era novidade, uma vez que, em delação premiada, Flávio Barra já apontara Accioly como operador de Aécio.

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