Câmara de Mesquita já custou mais de R$ 120 milhões

Embora seja a caçula da Baixada Fluminense, a Câmara de Vereadores de Mesquita desponta como veterana em termos de farra com o dinheiro público. São muitas as denúncias de irregularidades

Denúncias citam pagamentos a assessores fantasmas, contratos de fachada e passeios

Entre 2001 e 2016 a Câmara de Mesquita recebeu e gastou pelo menos R$ 120 milhões e boa parte disso, apontam denúncias, teria sido desperdiçada em viagens desnecessárias, despesas não comprovadas, pagamento a servidores fantasmas e até em um curso para os membros da Casa, o que ninguém sabe se aconteceu de fato. No entender do Tribunal de Contas do Estado o tal curso foi contratado de forma irregular e isso levou o órgão a condenar, em 2009, o ex-presidente André Tafarel a devolver a R$ 1,5 milhão aos cofres públicos. Não se sabe quanto desse dinheiro foi já devolvido, bem como é praticamente impossível dizer onde e em que os valores repassados todos os meses pela Prefeitura estão sendo gastos, já que as contas vêm sendo mantidas numa espécie de caixa-preta pelos seus presidentes desde que a Casa foi instalada, em janeiro de 2001. Este ano, por exemplo, já foram feitos seis repasses no total R$ 4.614.310,59 e a mesma falta de transparência observada no passado é constatada agora na gestão do vereador Marcelo Santos Rosa, o Marcelo Biriba.

Embora seja a caçula entre as câmaras de vereadores da Baixada Fluminense, a de Mesquita parece veterana quando o assunto é a farra com o dinheiro do povo. As denúncias no Ministério Público são várias e agora quem entrou na marcação é a Polícia. O presidente da Casa e vários vereadores já foram intimados a depor na Delegacia Fazendária, prestar esclarecimentos em inquérito que apura denúncias de supostos pagamentos indevidos feitos a empresas prestadoras de serviço. Mas se alguém está pensando que quem já foi presidente e hoje está fora da vida pública vai escapar do acerto de contas com a Justiça e com o TCE, está redondamente enganado, pois as denúncias de nomeações de assessores fantasmas (cerca de 200), viagens não justificadas e supostas vendas de notas fiscais continuam sendo investigadas e pode “dar ruim” para muita gente.

No dia 14 de janeiro do ano passado o hoje primeiro suplente pelo PRB, Gilmar Montozo protocolou  pedidos de informações com base na Lei de Transparência. Queria esclarecer a questão dos pagamentos a assessores fantasmas. “Há rumores de que existem atualmente na Câmara Municipal 96 pessoas ocupando cargos em comissão, com salários que chegariam a até R$ 2,6 mil. Muitos seriam parentes de vereadores”, dizia  Montozo, que na época também solicitou cópias dos processos administrativos, gastos com pessoal e reformas realizadas na sede do Legislativo. Os segredos continuam guardados até hoje, mas a Promotoria de Justiça está atenta e trabalhando.

Em 2015 o Ministério Público recebeu denúncias de supostos contratos de fachada para fornecimento de material de consumo e manutenção de aparelhos de ar-condicionado, além de supostas vendas de notas fiscais. Nada disso está parado e a casa pode cair para muitos que se consideram acima da lei.

 

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