Crítica ao jeito Crivella de governar anima a folia no Rio

Prefeito reduziu verba para o desfile e mostra má vontade com manifestações culturais

“Se é pecado sambar, o Barbas não pede perdão”. Com esse tema Bloco do Barbas faz uma crítica direta ao prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que desde o ano passado vem dificultando as coisas para as manifestações culturais, inclusive fazendo corte na verba de subvenção para as escolas de samba, mesmo sabendo que o carnaval carioca retorna à economia pelo menos dez vezes mais do que nele é investido. Crivella, que tem mostrado má vontade com aquilo que não se encaixa na sua maneira de ver a cultura, segundo alguns promotores culturais, “vem se comportando menos como prefeito e mais como bispo da Igreja Universal do Reino de Deus” – seita fundada pelo tio Edir Macedo. Ele provocou o fechamento da Casa de Jongo da Serrinha e só falta agora baixar decreto para “disciplinar” o culto religioso de matriz africana, esquecendo-se  que o estado é laico e que a liberdade de culto e de expressão está asseguradas pela Constituição.

Composto por Deivid Domênico, o samba do Barbas toca direto na ferida aberta pelo prefeito e faz referência aos sete pecados capitais: “Ira e soberba, quanta preguiça de você/ Quanta avareza, solta a verba, quero ver/ Alô, seu prefeito, expulsa a gula do poder/ Olha, nosso corpo é luxúria/ Sem inveja, se mistura/ e deixa o povo te benzer”.

O Bloco do Barbas  desfilou na tarde de sábado pelas ruas de Botafogo, bairro da Zona Sul do Rio.  Morador de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, o estudante Pedro Guimarães, de 21 anos, é assíduo.  “Todo ano a gente vem aqui ao Barbas, o melhor bloco do Rio. O público aqui é fiel, todo ano o mesmo pessoal. O segredo é o caminhão-pipa. O pessoal vem de um bloco de manhã, toma um banho aqui e depois vai pra outro”, disse.

Afastado da presidência do bloco por motivos de saúde, o jornalista Nelson Rodrigues Filho, é um dos fundadores do bloco, o que aconteceu em 1985 e funcionou como uma plataforma cultural na luta pela redemocratização do país. Para o ator Sacha Rodrigues, neto do dramaturgo Nelson Rodrigues, a questão é muito séria. “É uma pena o que a Prefeitura está fazendo com os blocos de rua, e com o carnaval como um todo, mas a gente não desiste. O carioca é um povo carnavalesco em essência. Quem não gosta de samba, bom sujeito não é, e não tem como não ser doente com essa Prefeitura de agora”, afirmou

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