Deputados poderiam ter impedido saque aos cofres do estado

Parlamentares arquivaram CPIs e alguns até retiraram assinaturas dos requerimentos

O esquema de corrupção montado na Assembleia Legislativa na gestão de Picciani para proteger os interesses das empresas de ônibus que operam no estado do Rio de Janeiro, poderia ter sido abortado se os membros da Casa cumprissem como seus deveres. Em fevereiro foi anunciada a instalação de uma CPI para apurar a relação promíscua entre o poder fiscalizador e a Fetransport. Isso aconteceu com pelo menos 15 anos de atraso sete meses após a apresentação do requerimento de abertura da comissão, documento do qual seis dos 27 deputados que o haviam assinado, retiraram assinatura logo depois. Isso aconteceu em agosto de 2017 ano e os parlamentares que ‘amarelaram’ são Luiz Martins, Janio Mendes, Jorge Felipe Neto, Márcia Jeovani, Milton Rangel e Zaqueu Teixeira. De acordo com o que já foi apurado pelo MPF, o esquema de proteção às empresas teria rendido R$ 131 milhões em propinas, total que teria sido pago aos ex-presidentes da Alerj, Jorge Picciani e Paulo Melo.

Esse, entretanto, não é o único esquema de corrupção que poderia ter sido desmontado pelo Poder Legislativo fluminense. Ao todo dez CPIs deixaram de ser instaladas no período em que a Assembleia Legislativa foi presidida por Jorge Picciani e Paulo Melo. Por proteção ao ex-governador Sergio Cabral e por conveniência própria, a Casa deixou passar batido denúncias de superfaturamento nas obras do Maracanã e nos contratos formados pela Secretaria Estadual de Administração Penitenciária, suspeitas que acabaram confirmadas pelas investigações do MPF.

Apontado como a figura mais importante do poder no estado do Rio Janeiro – com mais força que o ex e o atual governador –, Jorge Picciani (hoje em prisão domiciliar), controlava tudo com mãos de ferro e, segundo o bloco de oposição, ‘sentava’ sobre os pedidos de CPI.

Em fevereiro de 2016, por exemplo, lembra a bancada de oposição, foi protocolado um pedido de CPI para apurar denúncias de irregularidades na Secretaria de Saúde, mas Picciani alegou que o motivo não estava ‘devidamente caracterizado’ e que já estava sendo feita uma auditoria interna.

Envie seu comentário:

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.