Não é só pelo preço do óleo diesel

Líder dos caminhoneiros no Rio diz que há estranhos no meio. “Nem caminhão eles tem”, afirmou

Ontem, depois de reunir-se com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, o líder do movimento dos caminhoneiros no estado afirmou que a categoria já havia conseguido o que queria e que se dava por satisfeita com a redução do ICMS sobre o diesel, de 16% para 12% e a mudança do recolhimento do imposto, o que desonerará as transportadoras. Mas Francisco Silva foi além: deixou claro que há infiltrados, gente de fora com pauta política, que nem caminhão tem. Embora os sindicatos já tenham declarado o fim da greve, os bloqueios continuam em todo o pais, inclusive com obstrução das saídas das refinarias de petróleo, situação que as forças de segurança não estão conseguindo resolver na base da conversa.

“A gente já tem o que queria, a redução do ICMS e a substituição tributária. Nossa greve deu certo, brigamos pelos nossos ideais”, afirmou o líder para depois afirmar que na Rodovia Washington Luiz, na Baixada Fluminense, nos arredores da Refinaria Duque de Caxias, manifestantes de fora se misturaram. “Nem caminhão eles têm. Hoje a situação é mais política do que qualquer outra coisa. Só que a gente não tem inclinação política”, completou.

A nível nacional o movimento também saiu vitorioso, pois o governo federal congelou por 60 dias a redução do preço do diesel na bomba em R$ 0,46 por litro, o que, na comparação feita à noite, em rede nacional, pelo presidente Michel Temer, equivale a zerar as alíquotas da Cide e do PIS/Cofins. A categoria ganhou ainda o fim da cobrança do pedágio dos eixos suspensos dos caminhões em todo o país e a estipulação de um valor mínimo para o frete rodoviário.

“Os efeitos dessa paralisação na vida de cada cidadão me dispensam de citar a importância da missão nobre de cada trabalhador no setor de cargas. Durante toda esta semana, o governo sempre esteve aberto ao diálogo e assinamos acordo logo no início. Confirmo a validade de tudo que foi acertado”, disse o presidente, revelando ainda que o governo assumiu os sacrifícios sem prejudicar a Petrobras.

Acordo confirmado – Há pouco a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) confirmou  a assinatura do acordo para pôr fim à paralisação dos caminhoneiros autônomos, mas a situação nas estradas continuam complicadas: “A Abcam considera o acordo assinado uma vitória, já que o anterior previa uma redução de apenas 10% por apenas 30 dias. Entretanto, a associação acredita que até dezembro deste ano o governo encontre soluções para que essa redução seja permanente. Sendo assim, já que o objetivo foi alcançado, a Abcam pede a todos os caminhoneiros que voltem ao trabalho”, diz a nota da entidade.

Na nota José da Fonseca Lopes, presidente da entidade, pediu que os caminhoneiros voltem satisfeitos e orgulhosos. “Conseguimos parar este país e sermos reconhecidos pela sociedade brasileira e pelo governo. Nossa manifestação foi única, como nunca ocorreu na história. Seremos lembrados como aqueles que não cederam diante das negativas do governo e da pressão dos empresários do setor. Teremos o reconhecimento da nossa profissão, de que nosso trabalho é primordial para o desenvolvimento deste país. Voltem com a sensação de missão cumprida, mas lembrando que a luta não termina aqui”, disse.

(Com a Agência Brasil)

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