Posse de interino em Aperibé fica para segunda e adiamento decidido por vereadores está sendo visto como tentativa de se ganhar tempo

Se não correr uma virada de mesa, com a substituição extemporânea do presidente da Câmara por um vereador mais alinhado com o ex-prefeito Flavio Diniz Berriel, o Dezoito, cassado pela Justiça Eleitoral, Virley Gonçalves Figueira (foto) vai assumir, interinamente, a Prefeitura de Aperibé, uma pequena cidade do interior fluminense, na próxima segunda-feira, às 17h. A posse tinha sido marcada para às 19h desta sexta-feira, mas foi adiada por um “consenso” dos membros da Casa. Virley tem mandato como presidente do Legislativo até 31 de dezembro deste ano e é o primeiro na linha sucessória, já que o vice-prefeito Ronald de Cássio Daibes também perdeu o cargo. Gonçalves divulgou um vídeo no final da tarde, comunicando o adiamento, o que está sendo visto como uma tentativa de se ganhar tempo por parte de gente afinada com Berriel que, na Justiça, não tem como evitar a posse do atual presidente.

Cassado duas vezes em processos diferentes, Dezoito teve a perda de mandato confirmada em ação na qual foi denunciado pelo Ministério Público por ter feito contratação de pessoal em período vedado pela lei, o que, no entender do MP, o beneficiou na campanha pela reeleição. Flávio venceu a disputa por uma diferença de 194 votos sobre o segundo colocado, Vandelar Dias da Silva, que concorreu pelo PSDB. O outro processo tem como acusação a distribuição de materiais de construção para várias famílias durante a campanha eleitoral, o que também, no entender da Promotoria, o ajudou a vencer o pleito.

Embora suas tentativas fossem consideradas para vários especialistas em direito eleitoral como uma “batalha perdida”, Dezoito vinha fazendo de tudo para se manter no cargo e, mesmo com a última derrota no TRE, no dia 18 deste mês, chegou-se a propagar na cidade que ele conseguiria uma liminar para evitar a saída.

Na tarde desta sexta-feira, o que se teria ouvido entre alguns aliados do prefeito cassado é que ele sairia sim da cadeira, mas que o interino não seria o atual presidente. Só que Virley é o substituto legal e para ocorrer o contrário seria uma necessária uma ação nada republicana: encurtar o mandato dele como presidente, o que seria, no entender de quem entende do assunto, facilmente derrubado na Justiça.

Hoje pela manhã a informação era de que Virley iria até ao cartório da 34ª Zona Eleitoral para ser notificado, mas o documento foi recebido na Câmara e assinado pelo presidente. A única coisa que o Legislativo tem a fazer agora é providenciar a posse do interino o mais breve possível, independente da vontade de qualquer grupo político.

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