Bebiano pode disputar a Prefeitura do Rio

Ex-homem forte de Bolsonaro deve ingressar no PSDB

 

O advogado Gustavo Bebiano, talvez o colaborador mais próximo do presidente Jair Bolsonaro – ate ser fritado em óleo quente pelo vereador Carlos Bolsonaro –, está deixando o PSL e pode vir a disputar a Prefeitura da capital fluminense pelo PSDB, partido comandado no estado do Rio de Janeiro pelo empresário Paulo Marinho, em cuja residência Bebiano falou à IstoÉ. O ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência revelou na matéria publicada pela revista que quer distância do presidente da República, e afirmou que a continuar desse jeito Bolsonaro não se reelege. “Não quero mais nenhuma proximidade com o presidente”, garante.

“Eu nunca vi um governo que no terceiro mês tivesse tantos desgastes políticos. Posso mencionar uma relação que se deteriorou por conta de nada. Na primeira vez em que eu estive com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, aqui na casa do Paulo Marinho, entre o primeiro e segundo turnos, traçamos algumas perspectivas em relação ao Brasil. Fizemos ali um pacto, com a anuência do presidente, para que houvesse uma relação amistosa, institucional positiva. As pautas, que naquela época já se mostravam que seriam abraçadas pelo Paulo Guedes para a economia, revelaram um Rodrigo Maia muito receptivo. Até porque as pautas eram muito mais da Câmara do que do presidente. Logo após a eleição, vimos a aliança, que foi feita com tanto carinho com Rodrigo Maia, começar a ser destruída por questões ideológicas”, disse Bebiano em um ponto da entrevista.

Bajuladores – Na entrevista o ex-ministro diz também que “a maioria dos que estão com o presidente é formada por bajuladores, que não têm coragem de avisar o rei que ele está quase nu”. Bebiano confirmou que não é mais advogado de Bolsonaro: “Deixei todas as causas do presidente. O presidente é página virada para mim. Torço para seu governo, mas com o presidente não quero mais nenhuma proximidade.”

Perigo – O ex-ministro falou também sobre reeleição: “Eu nunca vi isso. Começar a falar em reeleição com seis meses de governo. É um erro terrível. Acho que o governo erra quando despreza as instituições. O presidente foi eleito para atuar dentro das regras estabelecidas dentro da Constituição de 1988. Fico perplexo quando percebo que atritos são alimentados com as instituições. O que se pretende com esse tipo de aceno? Rupturas institucionais? Bater no Congresso e no Supremo da forma como está sendo feito acho muito perigoso para o país.”

Péssimo sinal – Perguntado se constantes demissões de militares podem afastar o presidente da caserna, Bebiano foi claro: “Acho que já afastou, já gerou uma fissura, porque o que o militar mais preza é a lealdade. O espírito de corpo é o que faz um Exército forte. À medida que o presidente rifa seus próprios aliados, com um tiro na nuca, execução sumária, o sinal que ele está dando para esse núcleo militar é péssimo.”

 

Planos políticos – Em suas declarações Gustavo mostrou que está pensando em 2020 e esse pensamento tanto envolve o partido presidido por Paulo Marinho como o DEM do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. “Depois de minha saída do governo, fiz um balanço de tudo o que aconteceu e comecei a me perguntar: por que não usar essa experiência tão intensa que eu vivi? Qual o papel que eu posso ter agora? Eu me preocupo muito com o Rio de Janeiro. O Rio está abandonado, tanto no nível estadual como municipal. Estão lastimáveis as duas administrações”, disse, afirmando que tem recebido convite, sugestões e incentivo das pessoas.

Envie seu comentário:

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.